segunda-feira, 19 de maio de 2008

A era dos reveses









É ela outra vez, a "antiga trilha estreita" q no frigir dos ovos é tudo para todos.
A senda "tão difícil de se equilibrar como se fosse o fio de uma navalha" (Kathopanishad, II) já disto dito, a perambulação "de morte em morte" daqueles que seguem o florido caminho dos desejos, destes mesmos q não conhecem nem o mínimo do mínimo ao q significa Deus aqui em malkut; nem por todo ouro escapam da bocarra da morte, estraçalhados vezes sem conta na repetida destruição, infelizes serviçais dos mais toscos desejos.
Não são páreo logo onde tripulam e ficarão de fora da cidade q Ele ama.

"o fruto desejado da tua alma se foi de ti e não será mais encontrado"
repeat: porq as pessoas dizem "tudo bem" se na verdade estão morrendo por dentro?
o antídoto pra agonia do mundo é amar.
mas a frieza impressionante q tomou conta da vida de todo mundo afogou um mar-sem-fim de corações nas aguas gélidas do individualismo, esse suicídio da alma.
q esfriou o amor, razão, origem e sentido da vida.
sem razão, sem sentido e alienado do seu começo, seres humanos sucumbem dia apos dia na loucura de mil falsas saídas.
há quem interessar possa: ora pro nobis.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Rigth now

preguiça de escrever
preguiça de estar acordado
preguça de todo mundo
=/

porq as pessoas sempre dizem "tudo bem" se estão morrendo por dentro?
memória de alabastro e eu não quero mais querer

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Admirável mundo mágico













Eu disse q havia sentido um cheiro de reencantamento do mundo a la jovem Jambres.
foi mais um daqueles já ilimitados estranhamentos. o ego foi destronado, deslocado do centro e agora o q atinge o centro percebe tudo como se o mundo ainda fosse virgem.
é uma percepção de criança envolta por uma sensação de magia q a compreensão aceita de mãos dadas com o vivido.
a totalidade humana (corpo/consciência) pode se relacionar com a realidade de muitas maneiras. quer chamemos essas maneiras de atitudes ou "caminhos". assim há a atitude ou o caminho artístico, a atitude ou o caminho filosófico, o político, o religioso e também o degrau mais chão que é o senso comum.

a magia é a atitude religiosa como ela se desvendava quando o mundo era jovem. quando viviam em paz a pequena humanidade e os seres mágicos (q existem, q não têem culpa se o muro do materialismo nos isolou e se nosso racionalismo atrofiou nossa sensibilidade para a espessura mágica do real).
a magia é uma núpcia com a natureza. é o aroma do paraíso terrestre. é a vida livre outra vez.
ninguém faz magia. ou ela acontece ou não acontece. para que ela aconteça é necessário, como em tudo mais na vida, de um devido preparo.
o maior empencilho no início é nosso próprio eu. ou o ego.
sim, o nome pelo qual te chamam é o nome do teu ego. foi porque nos isolamos q agora precisamos de uma afirmação especial diante de um mundo de egos separados, q se consomem num horrível redemoinho de individualismo, esse monstro com olhos nas mãos; olhos q só podem ver um rosto sem face e só se compreende naquilo q pode ter.
é como o ventre estéril q nunca nos dará uma criança. o individualismo é fatal para a magia porque é a morte do amor.
e esse amor não é a paixão da posse de um corpo alheio, isso q devora homens e mulheres, coisa q mais se parece com uma droga q o infinitamente mágico amor. o amor não quer nada. sim, ele não quer, ele é querido. numa palavra: doação.
doe-se ao universo, à natureza, aos semelhantes.
então o universo te reconhecerá como filha (o) e a magia estará em ti.
forever.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Influxo de cisne










Nada mais estranho e novo q um ego em desmanche. Totuus Tuo.
quem se esvazia se fazendo deserto sopra por suas narinas o horror dos ermos. descida após descida e fere seu gêmeo inimigo.
então quando te ergues c a aurora toda a extensão onde teu ego reinava suspira por uma evasão ainda inédita.

Princips sederunt








Parque da redenção e senti um cheiro de reencantamento do mundo a la jovem Jambres.
o nome pelo qual te chamam é o nome do teu ego.
há uma nova simbologia no mundo voltada às pessoas que estão sendo treinadas para se desconhecer.
esse, seja em que ramo da arte da vida que se encontre um descanso, é claramente mais um sinal do fim de um mundo.

Eu - diz saturno - Sou - diz o sol
(a lua traz melancolia para as constelações felizes e tristeza ou loucura para as outras).
aonde os princips sederunt?

domingo, 30 de março de 2008

Dispêndio lutuoso










Sobre a cidade, o olhar: início do último milênio.
a busca perdeu o sentido...a realidade se desdobrou.
ele precisa de mais sinais, que sirvam como armas para a confiança.
mas eis que a verdadeira predição aparece e logo numa Magen.
um artefato dessa magnitude não apareceria por acaso. a busca não se encerrou ou decaiu no signo da loucura.
Ela foi redirecionada.
e pelo bom auspício do sinal que está na Magen:

"Que aqueles dias não fossem abreviados e ninguém se salvaria,
mas por causa dos escolhidos foram eles abreviados"

quinta-feira, 27 de março de 2008

Salvo-conduto










Diga-me o q esperava quando te lançaste à iniciação?
_...
. cuida para que não haja mais sequer vestígios daquela vaidade original q teu silêncio denuncia.
_____________
Nada pode ser dito (com q palavras poderia dizer?) tudo precisa ser cumprido e alcançado.
Silêncio.
chegou a hora de escolher.
não tem mais jogo.
não tem mais auto-sabotagem.
somente os mais fortes (os q vencem a si mesmos) ficam em pé. Intensos, nesse era de sol negro.
domínio de si, ser teu próprio centro. se atingir.

É incrível, aqui todos possuem desculpas geniais para não romper as cordas aromáticas do desejo.
Conduzidos por estímulos, como o cão frenético de expectativa pra correr atrás do que se lança ao largo, não tiram os olhos das obras de suas próprias mãos! e mesmo estas não deveriam ser expostas, uma vez que cada uma delas são tratadas como novos deuses, mas é fato mais que certo, entregaram o controle de si a outros e por vezes tem uma vaga lembrança de algo adiado, mas adiado em favor do quê?

de tudo q vi, só vi decadência, morte sorridente entre mil ídolos, que provocam ilusões racionalizadas nos que amam serví-los.
então, diante do último cigarro, na atmosfera lúgubre do agonizante mundinho junkie, curti zombar de tudo que me renegava, ali bem na cara de sua real insignificância:
-Tu, minha morte?¬¬

quinta-feira, 13 de março de 2008

Nos parapeitos de um escândalo













Certamente a maravilha de viver (e não ser vivido) foi tão perfeitamente aniquilada que qualquer menção à uma vida aqui mesmo que não se permitisse terminar soa como loucura.
e todos dizem com ares de sabedoria "da morte ninguém escapa" ou que é a única certeza.
Pois essa certeza não mais me atinge.
Não é verdade q todos vivem como se nunca fossem morrer. Justamente porque não acreditam na vida é que sobem ao cadafalso do tempo.
Outros também viram o inefavelmente triste: morremos por causa da ignorância do que nós mesmos somos.
Não conseguimos reagrupar a energia de maneira que ela torne coeso aquilo que há em nos que não perece. (nenhuma novidade, a F. quântica comunga esse mistério)
Não é mesmo para entender, é para viver.
Vencer a morte é um mistério a ser vivido.
para sempre.

domingo, 2 de março de 2008

A ocarina onírica












Nem uma núpcia contra a natureza nem uma multidão justaposta, mas o nascimento de uma gagueira, um traçado de linha quebrado que parte em adjacência com uma pele de rinoceronte esticada de uma só vez e deambulando sou as situações que me povoam.

passamos grande parte da vida em outro mundo além desse.
O sonhar.
quando o nomadismo da gagueira chegou ao xamanismo, ele estava sendo empurrado pelo recém-chegado, o enviado da roda. mas em certo sentido já era tarde.
já tinha sido mil vezes perfurado. quando há vento nos sonhos todos somos ventríloquos.
aqui isso foi incluído e depois emudecido.

"o sonhar já pertencera a Daniel, com o poder dos deuses santos".
"aí estão os sacerdotes e embora sejamos inimigos meu sangue está ligado ao deles"

Quando passavam por planícies desoladas, entre ermos perdidos de um cinzento endêmico, os viajantes suspiravam pelos férteis platôs da infância.
a charada já foi quebrada, nós que ainda não percebemos porque nos parece haver na resposta uma entonação de dúvida.
as origens, as auroras, a infância, o eterno menino assustado e feliz.
com o que mais isso parece que seja melhor que um sonho?
pois ainda é o que era.
uma bola de luz sorridente plena de mil promessas. A ocarina onírica tocando notas de lavanda.
A ocarina onírica.

(*quando estiver sonhando tente fixar o olhar em algum item do teu sonho)


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Gotterdammerüng

E alguém testemunhou solene certa vez em um lugar: "O que é o homem para que te aflija com ele? não é este um bordão de cana esmagada?
um pouco mais que pó o fizeste e no entanto tudo a ele tornaste sujeito?
Agora porém, não vemos ainda tudo que lhe está sujeito." (Hebreus do Hebrom))



nas ranhuras do pensar pousaram as sensações que eu tinha ouvido dizer.
"Entre os homens só se falava dar dor e da morte mas nunca da promessa de imortalidade".
Olhei com segunda atenção e vi.
Vi (porque estavam mais perto) os cristãos pelo avesso, vampiros do próprio corpo, de um corpo já ferido, de uma psique esmagada:
eu perguntei a eles sobre aquela antiga fidelidade - "Nós fumamos, nos embriagamos, muito trepamos e nos entorpecemos para outra vez tudo recomeçar" - responderam em únissimo.
(nos julga inaceitáveis?)
e ficaram por lá, lá onde serão encontrados
eu vi os surdos, coxos e cegos de espírito. Os que comem sangue morto. Vi o luxo de seus ambientes, o embuste de suas cerimônias e o mesmo sedento desespero de existir que tinha visto em seus inimigos.
vi os trabalhadores do mundo. seguiam se renegando sem parar mesmo depois que os deixei. Lá admirando as flores que estão sobre suas correntes. lá sem perceber que engordam seus captores. Lá sem perceber que estão no exílio de uma terra que ainda virá.
vi os perdidos. os mais pobres entre os pobres, os mais afastados da forma humana. os que se escondem na própria humilhação. Onde a dor do homem destruído descreve uma reta que sobe.
e vi que os filhos estavam sendo destruídos.
por eles mesmos dessa vez.
Vi um campo, uma tempestade quieta.
Uma colheita.

(*quando estiver sonhando tente olhar para a palma da mão. Depois repare no que acontece.)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Seis cotos sangrentos


Finda a era das sagrações.
a sombra sedenta de sentido se foi. Enterrada num oceano de silêncio. E lá longe, onde um infinito mundo morto possui vastidões de sonhos desfeitos, caiu Ícaro, essa estrela cadente.
um dia, uma rama triste, um presente ou um presépio : tantos solitários debaixo de tanta luz, sono da meia tarde e a menina dos olhos da minha geração é uma promessa traída.

Mal chega a existir uma, entre 6 estrelas, que volte seus raios interiormente, para dirigir a mente inquisitiva para Belén, e entre 6 olhares que circulam em torno do redemoinho do desejo inquisitivo, mal chega a existir um que se volte para Sabá.

pois que tão encarecidamente me amou
olha, ali está meu coração partido.
recolha o que é teu.
já não preciso.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Caiu Ícaro



















Cada face com voz própria nessa multidão interior pressente a proximidade da morte.
vieram a entender que o olhar que a todas vê, soube agora que tem de matá-las.
elas se contorcem sabendo que terão que sair do Egito. Que o deserto está próximo. Sentem isso no sangue.
E resistem no desejo que endurece o sono.
meus desejos já não são meus. São deles mesmos. prazer pelo prazer, decepção pela decepção.
É já uma questão de um ou outro. Ou "eu"- minha morte ou o todo, a eternamada vida.
Dolorosa valsa de Maya:
é uma massa de desejos, de um querer existir a todo custo, um desespero de existir que justamente me impede de saber o que é isso.
o que é existir? mal sei.
com certeza uma vida inteira de repetições não é viver. É a morte sorridente em seu noivado destruidor com o desejo inquisitivo que nunca se volta para o todo. Só para o "eu gosto" eu não-gosto", "quero", "não-quero" numa roda infernal de escolhas 8 ou 80.

pois pra mim não tem mais esse jogo

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Sumir-se















Eu acordava e um vento frio entrando pela janela também abriu o livro que eu tinha lido e senti um cheiro de chuva que passou. Eu tomava um banho, vestia minha roupa, pegava o cd de seleção que tinha feito à noite e saia para a rua, morna como uma manhã de insônia..

Vi um homem carregando um milhão de balões amarelos. Ele segurava os balões e se segurava no carrinho. Ele deveria se soltar do carrinho, e voar com os balões para um lugar distante e desconhecido.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O baile acabou

Crença em um deus ou em um ego são a mesma coisa. Toda pessoa já é sua própria visão doente de Deus. Ambos, o mago e o maníaco religioso adquirem um certo carisma e missão de suas respectivas obsessões, mas definitivamente suas buscas são fúteis, pois eles não podem ir além dos seus próprios medos e desejos inflados, para a coisa real - a anônima e sem forma, contudo fantástica, fonte de poder dentro deles mesmos. Que nós somos consciências, mágicas e criativas, é a coisa mais misteriosa e inacreditável do universo. Qualquer deus ou ser superior que possamos imaginar é necessariamente menos espantoso do que o que nós mesmos atualmente somos.
Os medíocres não pensam nisso porque amam estarem morrendo. Rende mais.
Pobres almas.
Se bem que...
Alma é um termo insignificante dado à centelha de vida ou força de vida dentro de nós. Ela é sem forma. Não é nem isso ou aquilo. Quase nada podemos dizer dela, exceto é que o centro vazio da consciência, e "é" aquilo que ela toca. Ela não tem nenhuma qualidade como divina, bondosa ou espiritualíssima, assim como nenhum dos opostos. Ela dá, contudo, um sentido de significado ou consciência quando nós experimentamos ou desejamos qualquer coisa, tornando-se mais aparente para nós quando percebemos que há alguma coisa muito para além da carne. O riso e o êxtase dão uma pista da alma.
O centro da consciência é sem forma e sem qualidades das quais a mente possa formar imagens. Não há ninguém em casa.
A alma é anônima.
Nós somos uma imcompreensível campo de força biomístico, do hiperespaço se você preferir, com mente e corpo anexados. O erro de tantos sistemas ocultos (das religiões então nem se fala) é imaginar que a alma tem alguma natureza pré-ordenada ou qualidade própria. Isto é apenas um desejo-pensamento, tentando dar um significado cósmico para o ego.
Não somos nada.
Não há uma parte da crença de alguém sobre si mesmo que não possa ser modificada. Não há nada formado em ti que não possa vir abaixo.
Não sou estudante prometido a si mesmo . Não sou uma invenção.
Não sou um homem. Apareço assim. É bem diferente.
Eu não sou nada. Sou um vazio preenchido por uma ilusão de existir que se apresenta como uma saudade de talvez ter existido um dia.
Não sou o corpo que uso, nunca fui e nem nunca serei as coisas em que acredito. Não defendo mais nada.
Leonardo, Rebeca, Fernando, Juliana, Renan, saraus, Marquin coroinha, Mary só vista uma vez, meu avô morto, tudo que vejo ou todo o passado em forma de sonho.
Ilusão encima de ilusão.
Mas ainda assim uma procura.
Eis "Leonardo".



sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

II (Paused)


Ficar nessa só de Zen-cabalístico-rpgístico demais está me cansando...
as pessoas estão cada dia mais andróides.
e eu perdi minha cuia de chima q eu tinha acabado de comprar
:/

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O orvalho e o lodo.

"O orvalho do céu brilhando ao primeiro raio do sol no coração do lótus, quando cai na terra torna-se uma gota de lama...
Vede como a pérola se tornou uma porção do lodo!"
(Do mestre da vida)




Reter o "orvalho do céu" dentro do coração. Não deixá-lo misturar-se à lama.
Nunca mais deixar "o lodo" revestir a "pérola".
O orvalho como tudo aquele que te foi oferecido e será para sempre aos que estão vivos: amor, misericórdia, paz interior, compaixão, bondade, justiça e devoção. Quando cai no coração humano costuma misturar-se à lama das ações e intenções baixas: ódio, orgulho, rancor, auto-importância, prepotência.
Que tu retenha o orvalho quando ele ainda estiver na flor do lótus, em sua forma pura e depois de um tempo é certo que do teu interior fluirão rios de águas vivas.
Enquanto isso olhe para a "pérola"...Veja como ela está suja de "lodo".
Olhe para dentro de si.
Nas últimas madrugadas algo em mim tem se olhado através dos meus olhos.
É ele que existe.
Eu passarei...
A não ser que limpe muito bem "a pérola" para que ele me reconheça como filho.
Como alguém que amo disse: "É qualquer coisa de irreversível"...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Eu, esse inimigo.

Consta de um livro insigne (desses que podem ser tudo para alguém) que certa vez um rei-general passou as vésperas de uma grande batalha insone.


"Toda essa noite não dormi pois algo se agitava em meu coração."

O domínio de si que buscara há tanto tempo o encontrou prestes a ordenar uma carnificina. Pela manhã olhou para a campina e ao longe as cidades que pretendia destruir.
Então se pôs no lugar de seus habitantes.
Sentiu toda a dor e amargura que uma guerra causa aos indefesos, a tremenda desolação que o desejo de grandeza exigia e penetrando em seu coração a essência do horror que estava para cometer voltou e ordenou o regresso das tropas e fez a paz com o outro soberano.

Essa fábula toca na questão do sofrimento.

Mas porque sofremos? Qual é a causa da dor? Porque ela existe? Fomos criados para sofrer?

O sofrimento existe por causa de uma segunda natureza que criamos dentro de nós que é conhecida como ego, eu, mim mesmo, self na psicologia, agregado psicológico no Tibet, demônios vermelhos de seth no antigo Egito, os amados parentes com os quais Arjuna tinha que lutar contra sob a ordem de Khisnha, os sete pecados capitais no cristianismo ou simplesmente ilusões do apego.

Libertar-se do sofrimento é libertar-se de nós mesmos. Ouça a voz do teu íntimo e você escutará que ele somente diz: "sofro". Ele sabe disso porque um dia foi feliz. A criança inocente não tem eus, seu mundo é feliz. Sua essência é feliz. Por isso todas as sabedorias dizem em coro "torna-te como uma criança". Ou seja, desapegue-se.
Derrubar a prisão levantada pelos seus desejos foi o que fez o general, se colocou no lugar do outro (uma boa atitude para quebrar a ditadura do ego, pois o ego só sente ele mesmo) e viu que o que para ele era glória para os outros era desgraça.
Nosso ego cria um mundo para si e nos aprisiona dentro dele. Todos os que estão fora se tornam intrusos nesse nosso mundo. O próximo tem que se adequar a nós, pensar como pensamos, sentir como sentimos, falar nossa língua. Isso é a causa de todas as calamidades que devastam a Terra. Isso ganha proporções gigantescas e se impõe pelas armas. O que é o mundo ocidental-cristão capitalista senão um aglomerado de Egos assustadoramente apegados a um Eu fabricado por séculos?
E esse mundo torna a abertura para o outro cada vez mais estreita. Por isso no íntimo todos sofremos, porque não dá pra ser feliz por fora se o coração está gritando.
E ele grita. Muito.
O ego que é surdo para a voz do coração.




quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Razão sangrenta sob o desvio do nojo.

O capitalismo a si mesmo se vence até à morte, tanto no plano material como no plano ideal. Quanto maior a brutalidade com que esta calamidade tornada modelo social universal, devasta o mundo, mais ela vai infligindo golpes a torto e direito em si mesma e minando a própria existência. Neste quadro se inscreve também a decadência intelectual das ideologias de outrora, numa ignorância e falta de ideias espantosas: direita e esquerda, progresso e reação, justiça e injustiça coincidem de forma imediata, se tornam uma só coisa nojenta e mentirosa, já que o pensamento nas formas do sistema produtor de mercadorias se paralisou por completo. Quanto mais estúpida se torna a representação intelectual do sujeito do mercado e do dinheiro, mais horroroso fica o seu tagarelar cansativo das apodrecidas virtudes burguesas e dessa lepra exposta que chamam de "valores ocidentais". Não há paisagem do planeta, marcada pela miséria e pelos massacres, sobre a qual não chovam a cântaros lágrimas de crocodilo, de um humanismo policial-democrático; não há vítima desfigurada pela tortura da vida abstrata que não seja usada como pretexto na exaltação das alegrias da individualidade burguesa. Qualquer idiota a soldo do estado, que se esforça por escrever umas linhas, invoca a democracia ateniense; qualquer patife ambicioso, parasita político ou da ciência, pretende bronzear-se à luz do iluminismo falido.
Agora, o que ainda quiser ser chamado de crítica radical só pode distanciar-se com raiva e nojo de todo o lixo intelectual do Ocidente. Tem que ser de uma radicalidade tal que destrua a auto-legitimação iluminista até a poeira dos ossos. Para traidores não há desprezo suficiente.
Na "guerra santa", na cruzada contra os monstros por ele próprio criados, num mundo por ele próprio devastado e barbarizado pela via do terror econômico, o espírito-zumbi do capitalismo esclarecido agora só pode assumir a forma de caças-bombardeiros americanos e tanques israelenses democratizando a morte em cada disparo "humanitário".
Os que vão à TV pedir uma morte mais digna, o papa, Bono Vox, estrelas de cinema, políticos-vedetes e demais pilantras do circo midiático, encontram eco mundo afora e qualquer imbecil agora se torna especialista em auto-engano. E isso já não é mais nem trágico, nem ridículo, é simplesmente nojento.
O que dá à luz ao monstro da auto-aniquilação "democrática" global, é a recusa em morrer do pavoroso sujeito burguês, afogado na imundície do vômito consumista que se faz ouvir sob a forma de grunhidos de porco, inarticulados e malignos diante da massa de mortos-vivos autistas famintos por produtos de marca, a multidão catatônica da religião do consumo, sua bizarra personificação coletiva.
Os que não foram ainda arrastados pela correnteza do esgoto burguês aprendam com os ratos q não tem ilusões quanto a fugir do escuro, mas pelo menos se mantém à margem de todas as porcarias que passam veloz ao seu lado.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Canção da lebre



"Quando o tiro vem, cair fingindo de morta, juntar todas as suas forças e refletir, se ainda tiver fôlego, dar o fora".


As voltas que o mundo dá deixam os anjos na contramão.
As vezes a compreensão das coisas não pousa, colide.
A capacidade para o medo e a capacidade para a felicidade são a mesma: um mar sem fim, que chega à renúncia do próprio ego (esse lixo do desejo) na qual o que sucumbe se reencontra.
O que seria a felicidade que não se medisse pela infinita tristeza com o que existe ?
Pois o curso do mundo está transtornado. Quem por precaução a ele se adapta, torna-se por isso mesmo um participante da loucura, entusiasmado com o vazio que o engoliu. Não há então nenhum consolo além da lição contida na Canção da lebre, que celebra a astúcia leporina: diante do desespero da morte quase certa, ela se faz de morta para continuar viva, em pleno pavor constrói um ponto de fuga rumo à vida.

Olho para todos os lados, nem sombra daquela que venceu a embriaguez de absinto da vida em ruínas.
Só ela seria capaz de refletir sobre o ilusório do desastre...

*droga
:/

domingo, 16 de dezembro de 2007

Das sefirotes

Três matrizes, sete duplicações, doze simples.
São esculpidas pela voz.

Só retrocedem até a unidade que cria diante da qual não há segundo, não há dois.
O círculo que as contém pode ser virado e aí se torna seu contrário pela intromissão do In.
Por isso Ele as fez pesadas. E os filhos recriaram o dom. O mundo, o ano, o sono. Depois disso começaram as correspondências, braços do universo e as doze arestas do cubo tornaram-se analogia dividida. Mérito e demérito. Quietude e oscilação e :
Paz e desgraça.

Sabedoria e ignorância.
Cultura e deserto.
Cólera contra o fígado
Riso contra o baço.
Pensamento contra o coração.

En-Sofh
Por esta pronúncia pode ser alcançado e será teu fim e será teu início.
Porque o incompleto só começa quando termina.
Por este meio nasceu. E tu que és ternário:
O duodenário é composto de partes opostas, três amigos, três inimigos, três vivificam, três matam, três florescem, três corrompem. A face do justo se aproxima a do ímpio se afasta. Até que venha o inefável e faça "a colheita" de doze em doze eternidades.