quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O baile acabou

Crença em um deus ou em um ego são a mesma coisa. Toda pessoa já é sua própria visão doente de Deus. Ambos, o mago e o maníaco religioso adquirem um certo carisma e missão de suas respectivas obsessões, mas definitivamente suas buscas são fúteis, pois eles não podem ir além dos seus próprios medos e desejos inflados, para a coisa real - a anônima e sem forma, contudo fantástica, fonte de poder dentro deles mesmos. Que nós somos consciências, mágicas e criativas, é a coisa mais misteriosa e inacreditável do universo. Qualquer deus ou ser superior que possamos imaginar é necessariamente menos espantoso do que o que nós mesmos atualmente somos.
Os medíocres não pensam nisso porque amam estarem morrendo. Rende mais.
Pobres almas.
Se bem que...
Alma é um termo insignificante dado à centelha de vida ou força de vida dentro de nós. Ela é sem forma. Não é nem isso ou aquilo. Quase nada podemos dizer dela, exceto é que o centro vazio da consciência, e "é" aquilo que ela toca. Ela não tem nenhuma qualidade como divina, bondosa ou espiritualíssima, assim como nenhum dos opostos. Ela dá, contudo, um sentido de significado ou consciência quando nós experimentamos ou desejamos qualquer coisa, tornando-se mais aparente para nós quando percebemos que há alguma coisa muito para além da carne. O riso e o êxtase dão uma pista da alma.
O centro da consciência é sem forma e sem qualidades das quais a mente possa formar imagens. Não há ninguém em casa.
A alma é anônima.
Nós somos uma imcompreensível campo de força biomístico, do hiperespaço se você preferir, com mente e corpo anexados. O erro de tantos sistemas ocultos (das religiões então nem se fala) é imaginar que a alma tem alguma natureza pré-ordenada ou qualidade própria. Isto é apenas um desejo-pensamento, tentando dar um significado cósmico para o ego.
Não somos nada.
Não há uma parte da crença de alguém sobre si mesmo que não possa ser modificada. Não há nada formado em ti que não possa vir abaixo.
Não sou estudante prometido a si mesmo . Não sou uma invenção.
Não sou um homem. Apareço assim. É bem diferente.
Eu não sou nada. Sou um vazio preenchido por uma ilusão de existir que se apresenta como uma saudade de talvez ter existido um dia.
Não sou o corpo que uso, nunca fui e nem nunca serei as coisas em que acredito. Não defendo mais nada.
Leonardo, Rebeca, Fernando, Juliana, Renan, saraus, Marquin coroinha, Mary só vista uma vez, meu avô morto, tudo que vejo ou todo o passado em forma de sonho.
Ilusão encima de ilusão.
Mas ainda assim uma procura.
Eis "Leonardo".



Nenhum comentário: