terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Os limites da ausência

Fazer magia é também estudar o antigo mundo humano. Mas antigo mesmo. Antes das primeiras grandes cidades, a "Era das tendas". Quando a humanidade era jovem e os homens viviam em paz com a natureza e os seres mágicos.
Então a vida era consagrada ao cosmo, tudo era entendido em termos de unidade. Todos pertenciam à tudo, cada gota de prática era suficiente para fazer ceder as rochas de qualquer ceticismo.
"Em cada grão de trigo dorme escondida a alma de uma estrela". Os antigos sabiam como viver para sempre. Sabiam que sim, que cada um de nós tem um deus dentro de si, uma estrela que espera descobrir a sua órbita. Não só sabiam, viviam essa certeza que era uma certeza viva. A história humana caminhava em sincronia com o tempo dos ciclos, da natureza e do tempo.

Mas então essa unidade foi rompida, quebrada, recusada...
Nascia o poder e as formas de poder que hoje se encontram em seu apogeu. A natureza passou a ser vista não como o útero da vida, mas como algo a ser dominado, sujeitado à sede de lucro. A razão inssossa que só olha para fora, diante da qual tudo é objeto foi posta no trono como única forma de razão. E o homem separado de sua fonte de vida, adoeceu. Se transformou de senhor do mundo em um escravo das coisas e do próprio ego. Criou um mundo sem sentido e tornou ele mesmo, um ser sem sentido, doente e vazio.
E agora este homem está morrendo. A terra se auto-regula, essa forma de viver se torna nitidamente uma loucura suicida, um vício de se envenenar, um incêndio sem alarme que se alastra durante o sono violento da sabedoria em coma.
O homem fez a experiência de sua "criação" e ela se revelou como voltada para a morte, morte dentro e morte fora, suicídio ecológico e espiritual.
Mas os que realmente estão com os olhos abertos e conhecem as antigas predições (que estão se cumprindo com uma exatidão matemática...) sabem que a Era da morte passará e Gaia enfim vencerá as cidades-pesadelo construídas pela criatura enlouquecida.
Mas há uma promessa muito antiga que diz respeito à uma nova Terra, surgida das cinzas da humanidade decaída. Como no parto a dor precede a vida.
Neste mundo onde a verdade da vida foi tão perfeitamente aniquilada, destruída, essa promessa adquiriu status de mito, no entanto o estudante de magia sabe muito bem como toda essa triste história acaba nos limites da ausência:

..." e os mansos herdarão a Terra"

Nenhum comentário: