segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Era dos adeuses

Há um tempo atrás haviam algumas folhas de caderno reunidas sob o título "Mesmo com tantos contigo" onde dialogavam sem choque o mundo interno e o externo. Mas não que isso por si só fosse o equilíbrio alcançado ou que o conflito se fizesse necessário, não, era só inocência...
Conhecimento traz a perda da inocência, essa é "a queda", não há volta, não há regresso para quem entendeu.
Não, não é entender o mundo pela via da ciência moderna, prostituída e puerial, o espelho acabado do perigo que significa o conhecimento aleijado, isso é, desvinculado da sabedoria. Não vou perder meu sono querendo saber se Deus existe ou que ele é, nem que tipo de lógica ordenadora sustenta o universo e já deixei de queimar as pestanas com os mil porques que antes choviam sobre mim.

"Certa vez foram até ao Buda e lhe perguntaram porque respondia com evasivas e enigmas as questões vastas como o que é o universo ou se Deus existe. O Buda então lhes perguntou se alguém que acaba de ser ferido por uma flecha vai se preocupar em saber que tipo de flecha é, de que ângulo foi desferida, de que material é feita ou pelo contrário, se sua preocupação urgente é retirar a flecha e se curar pra salvar a vida?"

Assim eu já encaro as coisas, já não me magoa que nunca saberei as "vastas questões", não fui feito para isso, fui feito para viver bem com meus semelhantes e com a natureza que me cerca, depois disso, dessa fidelidade, morrer sem angústias e sem remorsos. Mas o que vejo? Um ser que se afastou da natureza, criou um mundo artificial e respirando veneno se esquece que o que levamos conosco está dentro de nós e não nas coisas que só nos consomem. Diante da TV pessoas que aplaudem a polícia do RJ matando pobres, pensam que estão vivendo enquanto que com tanta energia sugada estão literalmente morrendo. Esse é o mundo científico, que constrói maravilhas sem sentido. É por isso que finda a era dos juramentos e sagrações, da inocência no "paraíso perdido" começa a Era dos adeuses. É lenta, dolorosa no início, mas doce no fim, onde não haverá mais ego para exigir sua cota diária de ilusões.

Um comentário:

מגן disse...

24/02/11: os porques viraram tempestade e Deus existe muito mais do que eu.